segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Você realmente sabe o que é a Independência Financeira?



Bom dia amigos e amigas da Finansfera!

O tema de hoje é uma reflexão e opinião pessoal. Vamos falar do que é realmente a Independência Financeira?

Existe uma frase atribuída a Nelson Rodrigues que gosto muito, e diz:
"Toda unanimidade é burra"
Até o imbecil aqui sabia disso:


Não necessariamente que isto seja verdade, pois existem verdades universais que todos nós aceitamos e não somos burros por isso. A grande questão é: Quando todos pensam da mesma forma, acho que vale a pena dar uma conferida na teoria da coisa, não é mesmo? Eu sou aquele tipo de gente chata/odiada que sempre investiga e questiona as coisas que para a maioria são inquestionáveis. Acredito que os senhores também passam por isso ao falar de finanças com a família e maioria dos amigos, não é mesmo?

Um outro ponto é: "A verdade não é única". 

Na verdade, sim, ela é única. Deixe-me explicar. rsrsrsrs

A questão é que para determinados casos, o conceito verdade e mentira não se aplica bem. Um exemplo clássico é dizer que na verdade a cor verde é a mais bonita do mundo. Mas isso é uma opinião, não é mesmo? Aqui entra aquele conceito "minha verdade e sua verdade" que não gosto de empregar.
Pessoalmente acredito que a verdade é única, e para algumas questões o conceito a ser utilizado é "opinião", e não o termo verdade. Mas vamos parar de filosofar e entrar nas finanças, não é melhor?

Existe muita conversa girando em torno da Independência Financeira, a famosa IF que todos escrevem. Mas já parou para pensar que cada um pode ter uma visão diferente do significado dela?
Eu mesmo já tive interpretações diferentes desse conceito ao longo da minha vida.

O conceito informal mais entendido é: "Viver de renda passiva sem precisar trabalhar"

Desculpe por resumir esse conceito sagrado de forma tão leviana, mas a maioria pode pensar assim. Eu já pensei...

Após vários aprendizados que a vida me proporcionou, creio que amadureci um pouco mais esse conceito, e acredito que independência financeira não é algo a ser tratado isoladamente no campo financeiro. E se for tratada desta forma, você não conseguirá atingir o que queria com ela.



A jornada que percorremos quase constantemente solitários na educação financeira nos proporciona um auto conhecimento, mudanças de comportamentos e revisão de vida. Melhoramos como ser humano e aprendemos muito além da esfera financeira. Acredito que parte da independência financeira também é independência dos valores e conceitos mercadológicos que a sociedade nos apresenta desde cedo. Começamos a enxergar fora da caixa (ou caverna) e nos libertar das amarras do consumismo. Descobrimos que não é o consumismo que nos fará feliz.
É uma ironia! No princípio a maioria das pessoas busca a independência financeira por acreditar que o dinheiro nos tornará mais felizes, e no meio da jornada descobrimos que não é a verdade.
Dinheiro continua sendo importante, mas o uso que faremos dele é bem diferente do que planejamos no início da jornada.

Depois de muita reflexão, cheguei à seguinte conclusão sobre o motivo da infelicidade da sociedade atual:

As pessoas buscam a felicidade amando as coisas e usando as pessoas. Mas o segredo da felicidade é amar as pessoas e usar as coisas.

Quantas vezes observamos pessoas que usam as outras? No trabalho criam-se relacionamentos abusivos e anti-éticos. Usam-se pessoas na busca da promoção e maiores remunerações. Criam-se amizades com pessoas bem sucedidas que podemos obter vantagem. Namoramos pessoas fúteis pela beleza. Não nos importamos com elas, apenas usamos sua beleza como um troféu de conquista e sucesso.
Mas amamos as coisas! Amamos nosso carro, que perdemos muito dinheiro e tempo para deixar "tunado". Compramos as rodas mais "iradas" e ficamos enamorados, parados só observando. Compramos o celular mais caro e perdemos mais tempo nele do que com amigos e família. Gastamos uma grana preta em um relógio chique, mas queremos economizar nos momentos maravilhosos que uma viagem com a família ou amigos proporcionaria.

Estes são alguns exemplos, mas nesse ponto você pode facilmente fazer uma reflexão e descobrir mais coisas não é mesmo?

Acredito que Independência Financeira é algo pessoal.
O que você quer?

Parar de trabalhar e viver de renda?
Continuar trabalhando, mas poder escolher o trabalho?
Ter mais tempo com qualidade?
Poder viver onde quiser?
Ter capacidade financeira para ostentar coisas que sempre teve vontade de ter?
Passar mais tempo com a família?
Etc, etc, etc.



É muita coisa a se pensar...
Para ser prático, vou postar aqui meu ponto de vista.
Isso é o que aplico A MIM. Lógico que meus conceitos podem mudar um dia, afinal sou uma "metamorfose ambulante"!

Classifico minha independência financeira em 3 degraus a serem escalados:



  1. Ter patrimônio que gere renda (passiva ou não) suficiente para sobrevivência. Significa que com a perda do emprego, eu não vá morar de baixo da ponte. Isso significa ter capacidade financeira para manter uma moradia, a alimentação e saúde razoáveis. Nesse estágio não existem luxos. Não existe "almoçar fora", viagens ou carro.
  2. Ter patrimônio que mantenha minha condição atual. Consigo viver com alguns luxos, porém todos precisam ser controlados para não exceder e o barco financeiro afundar. Como atualmente faço economias mensais, esse nível é um pouco melhor como vivo atualmente, pois ao atingi-lo não precisaria de aportes mensais (caso não queria subir o degrau do nível 3, o que não é o caso)
  3. Ter patrimônio que possibilite renda para viver confortavelmente. Pelos meus cálculos significaria renda mensal de 10 mil reais. Lógico que uma vez atingido este degrau, a jornada pode continuar. Creio que o degrau 3 é o fim da jornada da independência financeira, pois seguir além só te tornara mais rico, mas a independência já foi conquistada.
Trabalho incansavelmente buscando o primeiro degrau, e logo após, todos os demais. Mas é um compromisso de vida? NÃO!

POR QUE??????

Existem várias coisas que podem ocorrer que me façam ter que fazer uma escolha difícil.
Um compromisso de vida significa que independentemente da segunda opção, a escolha da independência financeira vem em primeiro lugar.

Seu filho está muito doente e o tratamento exige muitos recursos financeiros que comprometem sua independência financeira. O que você escolhe?
Você e sua esposa tem ideias e metas financeiramente diferentes. Você aceita negociar um meio termo ou é ferrenho em suas posições e quer sempre poupar o máximo que puder? Saiba que a vida a dois é VIDA A DOIS. Não se pode obrigar um estilo de vida à ninguém.

Como estes exemplos, existem várias outras situações que será necessária uma escolha.

Aí entra a questão do início do tópico. O que é independência financeira? Se no futuro aparecer um dilema que te colocar para escolher entre o dinheiro (coisa) ou pessoas, relacionamentos ou qualquer advento que envolva pessoas, o que você escolheria?

Escolher coisas para economizar grana e não abdicar da IF realmente o fará alcançar a plenitude da vida? Não era esse o objetivo ao alcançar a independência financeira?

Não digo isso para desanimar ou desprestigiar a meta da independência financeira, pelo contrário! Só desejo tornar o sentido da IF mais amplo. Você busca a independência pelos motivos "certos"? Ou pelo menos pelos motivos que o farão feliz realmente?

Já foi muita reflexão até aqui, e estou até me estranhando. Sou aquele tipo de pessoa muito técnica e prática (para alguns, frio).



Vamos mostrar como eu calculo minha independência financeira:

Para começar, quando reiniciei minha caminhada para a independência financeira em setembro/14, estimei que o valor de 2.700 reais mensais era o necessário para chegar ao 1º degrau da independência. Isso garantiria o mínimo para qualquer cidadão. Esse valor eu atualizo mensalmente pelo indicador de inflação INPC. Atualmente esse valor já está em 3.293 reais.

Portanto, como saber quanto dessa meta eu já atingi? Eu uso a seguinte fórmula:

= Patrimônio Atual / ( (renda mensal IF*12)*0,08)
ou seja:
= 82.595 / ((3293*12)*0,08)

Os cálculos indicam que já atingi 16,7% do degrau 1 da independência financeira

Considerações:
  • O total do patrimônio envolve casa e carro além dos investimentos. Isso difere um pouco do que a maioria pratica, pois consideram somente a carteira de investimentos, pois só estes geram renda passiva. Meu ponto de vista é diferente, pois meu conceito de degrau 1 da IF significa ter o básico. Significa não ter carro, portanto o valor do carro que tenho atualmente seria investido. Também considero no patrimônio o valor do meu imóvel, pois a renda mensal que estimei ser o básico para viver considera também aluguel. Portanto se vender meu imóvel para aplicar essa grana, tenho dinheiro para pagar o aluguel. Se não vender o imóvel, não terei gasto com aluguel e consigo viver com menos rendimentos.
  • Outra questão polêmica é a tal taxa a ser considerada no cálculo da IF. Eu uso 8% ao ano. Para a maioria isso é um absurdo! Vejo pessoas usando 4%, ou no máximo 6%.
    A questão é que as pessoas se baseiam muito em taxa selic e em torno de renda passiva gerada por ativos financeiros como dividendos e renda fixa. Eu acredito que dinheiro gera dinheiro. Eu uso e gosto das opções do mercado financeiro, mas uso principalmente como forma inicial de acumulação.
    Quais possibilidades temos com 5, 10 ou 20 mil reais para gerar mais dinheiro? Infelizmente só os ativos financeiros. Quando você consegue acumular mais, começa a aparecer mais oportunidades para fazer seu dinheiro crescer bem acima de 8% ao ano.
    Vou dar um exemplo: Antes de quebrar (você já leu meus primeiros posts?) também investia em imóveis. No ano de 2010 eu construí e vendi duas casas. Se for considerar todos os gastos que tive, obtive 40% de lucro só neste negócio.
    Entendeu porque uso 8% ao ano? Quando você acumula dinheiro, aparecem oportunidades muito melhores do que renda fixa.
    Quantas vezes vi amigos e parentes oferecendo suas casas, terrenos e carros por bem menos do que valem devido à algum aperto financeiro? Quando você aplica seu dinheiro no mercado, o que eles fazem é justamente isso. Juntam as nossas merrequinhas investidas e formam um bom montante para aplicar em outros negócios bem mais rentáveis. Portanto o objetivo em investir em ativos financeiros é acumulação no início da jornada. Quando atingir o meio da jornada, me concentrarei em outras oportunidades de investimento alternativas e mais lucrativas. Se um dia quiser ter 0% esforço (A maioria dos negócios já envolvem pouco esforço), volto aplicar no mercado financeiro. Não me vejo um dia querendo ficar parado (pescando dia após dia em uma lagoa ou riacho) Então 8% ao ano no MEU CASO é realmente BEM conservador
O cálculo do segundo e terceiro degraus são muito simples:

Para atingir o segundo e terceiro degraus, seriam necessários rendimentos mensais de 6.587 e 9.800 reais respectivamente, ou seja, atingir 200% e 300% no cálculo apresentado anteriormente.

Portanto, resumindo tudo:

Só é possível atingir a plenitude de vida vivendo com plenitude desde já. Isso não significa gastar mais dinheiro!
Trace metas e saiba encontrar caminhos alternativos quando encontrar dificuldades.
Ame as pessoas e use as coisas, não o contrário.
O homem mais pobre é aquele que a única coisa que possui é dinheiro.



O que você achou do post? Quais são suas ideias sobre independência financeira e vida com plenitude? Como calcula sua independência financeira?

Compartilhe sua opinião com a comunidade!

12 comentários:

  1. "Toda unanimidade é burra" Adoro esta frase.
    Tem outra que gosto: "Se você não tem dúvidas... mal informado está"
    Abraço!

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  2. Fala Senhor Bufunfa,

    Muito interessante esse post e gostei das formulas, vou ate aplicar para ver quanto preciso. Fiquei ate com uma pulga atras da orelha, uma vez que estou em busca da IF mas sem um objetivo claro definido, somente receber um valor líquido kkk

    Abraços

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    1. É muito importante mesmo ter uma ideia clara do que se fazer após atingir. Já viu aquele filme " A era do Gelo"? Em determinado aquele esquilo consegue alcançar a Noz. Ele a vida toda perseguiu ela, era o objetivo dele. Quando alcançou, ficou perdido, meio q sem propósito.
      Obrigado por acompanhar o blog. Abraços!

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  3. Muito boa reflexão Bufunfa!

    Tracei como meta de renda passiva o valor de R$ 10 mil (igual seu nível 3), mas, sinceramente, ainda não pensei em objetivos parciais ou mesmo num propósito de vida após o atingimento da IF. Vou pensar nisso!

    Abraços!

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    1. Obrigado Ministro! Acho q 10 mil é realmente um valor que todos almejam não é? Pensa nos propósitos sim, é muito importante! Abraços!

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  4. Boa reflexão, tenho uma ideia de IF particular tb, se quiser ver tem um dos post lá no meu blog.

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    1. Opa! Vou lá conferir sim! Vc já está adicionado no blogroll da Finansfera$ ?

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  5. Legal seu blog SB, eu não conhecia! Tava lendo seu post sobre atualização patrimonial (dez/17) e vim parar aqui kkkkk Espero que vc ultrapasse logo o primeiro degrau! Boa sorte! Abraço

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    1. Obrigado pelo elogio Contador! Eu tb espero alcançar logo. Pelas minhas projeções pessimistas seria por volta de 2028! kkk Abraços!

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  6. Olá Senhor Bufunfa! Excelente post. Estou começando a jornada da independência financeira e ainda não defini o que seria ideal para mim. Mas, de uma coisa em tenho certeza, se privar de tudo para alcançar a IF não faz parte das minhas estratégias. Grande abraço!

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    1. privar de tudo não faz sentido mesmo. O ideal é ter uma vida equilibrada

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