Desde os desenhos animados que assistimos quando éramos pequenos que nos dizem que se acreditarmos em nós mesmos podemos conseguir qualquer coisa, somos doutrinados com a mensagem de que somente nós somos responsáveis pelo que conquistamos em nossa vida. Somos convencidos a aceitar que se algumas pessoas recebem altos salários, deve ser porque “merecem”. A consequência é que se somos pobres, deve ser porque não somos bons o suficiente ou não nos empenhamos o bastante.
Realmente somos responsáveis pelo que fazemos em nossas vidas. Mesmo com basicamente o mesmo histórico, pessoas diferentes terminam em situações distintas porque têm talentos diversos em coisas diversas e se esforçam de diferentes maneiras. Seria tolo pôr toda a culpa da desigualdade social no “ambiente social” ou na sorte. Porém não devemos eliminar a desigualdade tentando amenizar de maneira excessiva as diferenças entre os talentos e esforços individuais. Caso contrário estaremos motivando o surgimento de uma sociedade igualitária de forma repressiva, portando muito injusta.
Mesmo acreditando na ocorrência acima, que uma pessoa possa sair da extrema pobreza e realizar grandes conquistas na vida, preciso também enxergar que isso é na maioria das vezes uma exceção à regra. Geralmente são pessoas "fora da curva" com talentos ou "forças interiores" muito maiores do que a maioria das pessoas. Algumas causas da pobreza (senão a maioria), são “estruturais” pois estão além do nosso controle.
Nutrição infantil inadequada, falta de estímulo para a aprendizagem e escolas de baixo nível (com frequência encontradas em bairros humildes) restringem o desenvolvimento de crianças pobres, diminuindo suas perspectivas futuras. Os pais podem ter algum controle sobre quanta comida e estímulo de aprendizagem seus filhos terão. Alguns pais pobres fazem grandes esforços e oferecem mais do que outros, mas existe um limite para o que eles podem fazer. Eles geralmente estão em grande dificuldade financeira. Muitos estão totalmente exaustos de fazer malabarismos com dois ou três empregos ruins. A maior parte também teve uma infância pobre e uma educação precária.
Tudo isso significa que crianças pobres começam a vida já com pesos amarrados em suas pernas. A não ser que existam medidas sociais que ao menos compensem de forma parcial essas desvantagens, essas crianças não serão capazes de realizar por completo seus potenciais. Mesmo quando superam as dificuldades da infância e batalham para subir na escala social, as pessoas com históricos mais humildes provavelmente encontrarão mais obstáculos. A falta de conexões pessoais e a diferença cultural em comparação com a elite com frequência significam que as pessoas vindas de famílias pobres são discriminadas de maneira injusta quando se trata de contratações e promoções.
Também há dificuldades por outras características secretamente discriminadas como gênero, raça, orientação sexual, entre outros. Assim terão ainda mais dificuldades de conseguir uma oportunidade justa para demonstrar seu potencial. Não estou dizendo que tudo isso é a única razão para a pobreza e desigualdade, mas convenhamos que não podemos negar essa grande influência.
Com essas desvantagens, os pobres têm dificuldades para ganhar a corrida mesmo no mais justo dos cenários. Mas o mundo em geral é manipulados a favor das elites.
Quantos escândalos não vemos hoje em dia e quantos não saem impunes? O dinheiro dá aos super-ricos o poder até mesmo de reescrever as regras básicas do jogo ao comprar por vias legais e ilegais políticos e instituições do governo. Muitas desregulamentações do mercado de trabalho, assim como cortes de impostos para os ricos, são resultado dessa política do dinheiro.
Um número grande de pessoas aceita a pobreza e a desigualdade como resultados de diferenças entre as pessoas. Dizem que devemos conviver com essas realidades do mesmo modo como o fazemos com terremotos e vulcões. Será mesmo? Acredito que além do fato de os desempenhos e capacidades individuais serem diferentes de pessoa para pessoa também há um fator a ser considerado. Existe um esquema global financiado pelos ricos para garantir que os pobres continuem pobres. Se todos fossem ricos, ou se fosse muito fácil a mobilidade social entre classes, logo não haveriam os que fizessem o "serviço sujo".
O "controle" do limite da pobreza em um país está diretamente nas mãos do estado. Até mesmo para permitir que as pessoas saiam da pobreza através de seus próprios esforços, é necessário oferecer condições mais igualitárias na infância por meio educação, aprimorar o acesso a empregos para as pessoas pobres e impedir que os ricos e poderosos sabotem estes planos.
Não estou defendendo uma saída comunista ou socialista. Não prego um mundo injusto de tirar de quem produz e dar para um vagabundo como em muitos casos de bolsa família. Por que sempre temos que polarizar todas as nossas opiniões? Por que não podemos analisar um meio termo? Toda política social é para comprar votos ou sustentar vagabundos? Não podemos aplicar medidas justas e dignas ao invés de não dar assistência alguma? Ou usar isso para benefício próprio através de desvios ou compra de interesses?
A desigualdade sempre existirá, mas com políticas adequadas nós podemos viver em sociedades bastante igualitárias, como muitos noruegueses, finlandeses, suecos e dinamarqueses já vivem.
Gráfico de Desempenho dos Setores da Bolsa Brasileira
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Verifique quais setores estão com desempenho melhor ou pior que o Índice
Bovespa (IBOV): Índices Setoriais da B3: IEEX (Índice de Energia Elétrica):
Reúne ...
Há 3 horas
Dê seu próprio dinheiro a quem quiser.
ResponderExcluirCiro Gomes é você?
kkkkkkkkkkkkkkkkk
ExcluirInfelizmente, essa é uma constante. Países com níveis preocupantes de pobreza, desnutrição e epidemias têm as duas ou ao menos uma das situações a seguir:
ResponderExcluir- Ditadores implacáveis, que ostentam palácios enquanto seu povo morre faminto. Geralmente o país sofre com guerras civis;
- Um congresso corrupto, que só legisla em causa própria e é composto primariamente por pessoas sem um nível mínimo aceitável de instrução formal para as atividades que desempenham, inclinadas a seguir o caminho "mais fácil" (ou seja, corrupção e conchavos).
Infelizmente sim. E quanto à corrupção, muitas vezes ocorre em troca de medidas para beneficiar uma classe, um setor ou uma empresa B ou C.
ExcluirExcelente post Sr Bufunfa! Cara eu não lembro onde li, mas gostei muito dos pontos sobre "sair da pobreza". Lembro que batia igualmente com seu post. Somente os "fora da curva" conseguem sair da pobreza. Sem ajuda, dificilmente a maioria sai...
ResponderExcluirVerdade. Obrigado!
ExcluirOlá bufunfa.
ResponderExcluirSem querer parecer ser arrogante aqui, mas acho que a pobreza é a condição natural da humanidade.
Quem prega a exclusão por gênero, raça, cor e reforça todos estes estereótipos e turma esquerdista quando prega direitos a cada minoria que aparece, dizendo que é para compensar as injustiças sociais e históricas. O que eles esquecem de dizer é que a menor minoria de todas é o indivíduo em si, que possui suas próprias aspirações e age de forma distinta em várias situações.
Primeiro você diz: "Existe um esquema global financiado pelos ricos para garantir que os pobres continuem pobres.", e depois em outro parágrafo: "O "controle" do limite da pobreza em um país está diretamente nas mãos do estado.". Ora, vc precisa se decidir entre quem é o "malvadão" da história.
Já está provado que o estado é ineficiente em prover os tais direitos adquiridos e citados na constituição (saúde, segurança e educação). Pelo visto você prega mais do remédio que nos jogou na pocilga em que estamos nesse país, ou seja, mais estado pra resolver nossos problemas.
Não adianta pregar igualdade de condições na partida porque isso simplesmente não existe. Acredito que a maioria da população só quer um "messias" pra resolver seus problemas e esse ente é o estado, que mais atrapalha que ajuda.
Você se esqueceu de dizer no penúltimo parágrafo que a política feita até aqui foi pra beneficiar os amigos do rei. Se estamos na merda é principalmente por causa desse capitalismo de compadrio, de querer beneficiar empresário ineficiente em detrimento do pequeno empreendedor, que só quer trabalhar e tirar seu sustento de forma digna, sem ter um estado sufocando ele através de leis ridiculas e impostos escorchantes.
Acredito que o Brasil só vai decolar quando as pessoas entenderem que o estado é o causador da maioria dos problemas em que nos metemos, e que mais dele só vai fazer mal pra gente.
Cada um deve assumir a responsabilidade pelas escolhas que faz na vida. Não dá pra comparar uma pessoa que trabalha em dois empregos pra sustentar seu(s) filho(s) e por isso não pode dar uma atenção maior pra ele(s) e outra pessoa, digamos, rica, que possui condições melhores e um ambiente melhor de incentivo para os seus. É claro que o resultado vai ser diferente na maioria das vezes. Não dá pra ficar colocando a culpa nos ricos toda vez que isso acontece.
Um livro que gostei muito, mas não li até o final, que fala justamente sobre o que eu disse acima, é o Outliers, do Malcolm Gladwell. Lá ele explica de uma forma muito clara sobre o que leva uma pessoa a ter um sucesso em relação a outra, e um dos motivos é o ambiente de incentivos. Eu recomendo.
Quanto a mim, nasci pobre e estudei minha vida inteira em escola pública. Meus pais nunca me deram nada de mao beijada, e hoje entendo o porque, mesmo eles não tendo condições. Isso me deu mais combustivel pra ir atrás das coisas que eu queria, e graças a Deus me considero numa condição muito melhor que a deles atualmente. Valeu pai e mãe!!!
O que dizer então dos que tem condições, tem tudo pra ascender na vida, mas justamente por terem tudo na mão jogam suas vidas no lixo por acharem que a situação seria assim pra sempre?
Abraços cordiais e desejo que um dia o estado faça cada menos parte das nossas vidas.
Obrigado por participar brulimoli. Li suas colocações e vou procurar ler essa sua indicação do livro. Quando falo de estado, não é do estado q temos atualmente. Também tive uma origem humilde que você pode conferir nos meus posts anteriores. Parabéns pelo sucesso e superação. Abraços!
ExcluirConforme comentou o colega acima, nosso estado de natureza é a miséria e escassez de meios. As condições passaram a melhorar para um número cada vez maior de pessoas à medida em que os sistemas politico-econômicos se sucederam, porém o elemento da exclusão e desigualdade sempre permaneceu uma constante. Até o momento, o capitalismo de viés liberal me pareceu o mais eficiente em promover a melhoria de condições de forma mais abrangente. Está longe de ser perfeito, mas tem o mérito de propiciar terreno para a diferenciação e o alcance das ambições pessoais, que são motores essenciais da inovação, avanço tecnológico, produtividade, renda e crescimento. No entanto, um problema marcante, principalmente do ponto de vista moral, me parece o excessivo peso da herança em relação à competência. O sistema permite mobilidade, mas mesmo nos capitalismos mais amadurecidos a condição econômica do berço tem um papel muito relevante sobre as probabilidades de ascensão. Um dia poderemos evoluir para um novo sistema ainda mais aperfeiçoado, que melhor concilie nossos interesses imediatos com os ideais morais que almejamos para a sociedade como conjunto. Abraço!
ResponderExcluirE aí Mascada! Bom te ver novamente aqui
ExcluirGosto de uma frase que diz que o Capitalismo é o pior sistema econômico já inventado excluindo os outros. Kkkkk. Não concordo muito q a condição natural é a miséria pois antes do mundo moderno qq um podia montar uma casa e começar uma plantaçao e sobreviver. No capitalismo a propriedade é privada ou do estado. Ou vc joga o jogo ou tá morto. Mas concordo que todos nascem com condiçoes piores do que o capitalismo pode proporcionar. A grande questão é sobre o direito q o estado alega ter de tirar meu dinheiro e dar para os menos favorecidos? Concordo com quem diz q isso é injusto, mas tb me compadeço de pessoas que vivem na miseria extrema e tem muitas dificuldades de reverter esse cenario sozinhas.
Excelente comentário DM.
ResponderExcluirEntão Bufunfa, se você se compadece e acha que vale a pena ajudar àquele que precisa, cabe a você, de forma VOLUNTÁRIA, dar a sua contribuição para melhorar, seja em dinheiro ou qualquer tipo de ajuda que julgar necessária. O que não concordo é o estado como um ente benevolente, que julga diminuir as desigualdades através da tomada COMPULSÓRIA do nosso dinheiro via imposto, porque o resultado que vemos é esse: zero de retorno, inclusive a quem mais precisa.
O mais engraçado que eu vejo hoje é que na CF está escrito que todo o cidadão tem o direito a moradia, saúde e segurança. Isso é lindo no papel, mas na prática o país está quebrado e a conta não fecha. Veja os aposentados no RJ, por exemplo, recebendo parcelada a aposentadoria.
Outra coisa... Se não nos desenvolvermos por nós mesmos, correr atrás, mesmo que as dificuldades batam a nossa porta, como vamos ajudar nosso vizinho ou a quem quer que seja? Vamos realmente esperar pela benevolência do Estado?
Fica a reflexão.
Abraço!
Isso ai. Todo mundo debatendo. Adoro isso.
ExcluirPara mim pobre é aquele que não tem o comer e privilégio deveria ter só aquele que está doente e não pode trabalhar nessa situação creio que o Estado deve intervir, olha ao seu redor muitas pessoas (não todas) está trabalhando reclama que está ruim, aconselha estudar tem alguma desculpa para falar que não dá, fazer poupança para que isso se precisar pega emprestado no banco ou parcela com juros, destroem a própria saude com alimentação ruim e drogas (falo do cigarro e álcool em excesso) com pouco de bom senso e acesso ao trabalho (dinheiro) bons livros a pessoa sim pode melhorar muito a sua qualidade de vida.
ResponderExcluirConcordo contigo Sócrates. Tem q ser só pra quem precisa mesmo. E tb defendo q isso seja direcionado as crianças. Adulto saudável tem q trabalhar.
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